Apesar de já serem notórios os benefícios que os exercícios físicos proporcionam a quem tem o chamado Diabetes Mellitus, infelizmente a prática esportiva ainda não é tão popular entre as pessoas que têm a doença. Estudos mostram que esse tipo de prática é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2 e até 60%. Além disso, o bom condicionamento físico reduz o risco de morte por doença cardiovascular, melhora a ação da insulina no organismo, ajuda no controle do peso e do colesterol, diminui os sintomas depressivos e aumenta a qualidade de vida. Todos esses benefícios são proporcionais à intensidade do exercício ou à capacidade aeróbica do indivíduo. Já o sedentarismo, por sua vez, é um dos principais fatores de risco para doença cardiovascular, assim como para o desenvolvimento da obesidade e do diabetes. Juntamente com os exames periódicos, a prática de exercícios regulares, como uma caminhada diária de 30 minutos, é uma das principais recomendações da Federação Internacional de Diabetes, a IDF (International Diabetes Federation), pois prolonga a expectativa de vida. Nas pessoas acima de 60 anos de idade é muito importante também conciliar o exercício de resistência, ou seja, a musculação, já que a perda de massa muscular é um problema sério nesta fase de vida.
Existem dois tipos principais de diabetes, o diabetes tipo 1, também chamado de DM1, e o diabetes tipo 2 (DM2). O DM1 é aquele em que há ausência de produção de insulina pelo pâncreas. Estes casos podem ocorrer em todas as idades, porém acometem mais frequentemente jovens. Seu tratamento implica obrigatoriamente em uso de insulina, hormônio essencial à vida. Já o DM2 responde por 95% dos casos da doença e acomete principalmente adultos com mais de 40 anos. Seu tratamento pode implicar no uso de insulina ou não. Sua incidência vem crescendo em todo mundo em função de diversos fatores como o envelhecimento populacional e, especialmente, o estilo de vida atual, em que o sedentarismo é grande e a alimentação é comumente inadequada. Esse cenário se caracteriza principalmente nos países ocidentais, como o Brasil e os Estados Unidos, onde as estatísticas mostram que, devido a essa alimentação inadequada e à falta de prática esportiva, a obesidade segue crescendo dia após dia.
No contexto da importância da prática esportiva por pessoas com diabetes, vale lembrar que se engana quem pensa que as pessoas que têm diabetes só podem praticar exercícios de baixo impacto. Se forem devidamente orientadas e acompanhadas, elas podem até mesmo praticar atividades físicas de alto rendimento e apresentar alta competitividade. Atletas profissionais como Adam Morrisson, jogador de basquete da NBA, Steven Redgrave, canoísta penta campeão olímpico, e Gary Hall Junior, nadador, também com várias medalhas olímpicas, são apenas alguns exemplos disso. Mas é preciso reiterar que, apesar de ser extremamente importante e necessária, a prática esportiva por pessoas com diabetes requer cuidados específicos. Especialmente em pacientes com DM1, ou ainda naqueles com DM2 em uso de insulina, a prática de esportes pode ocasionar hipoglicemia, que é a queda excessiva da glicose no sangue. Assim, o acompanhamento médico da prática esportiva, de forma a realizar o controle metabólico adequado do paciente, é essencial para a obtenção de resultados positivos com a prática de exercícios. Nesse sentido, vale ressaltar o importante papel que também tem a automonitoração glicêmica, permitindo que a própria pessoa seja o primeiro gestor da manutenção de sua saúde.
A IDF estima em US$ 548 bilhões o custo deste mal crônico para a economia mundial em 2013, o que equivale a 11% da despesa com saúde no mundo. A cada dez segundos, uma pessoa contrai a diabetes no mundo e a doença já é a quarta causa de mortes no planeta. O Brasil é hoje o 4º país com maior número de pessoas com diabetes no mundo. Dados recentes do Ministério da Saúde, de novembro de 2013, mostram o número de casos no Brasil aumentou 40% nos últimos 6 anos. Esse cenário, somado a todos os benefícios já citados, só reitera a importância da adoção de medidas de incentivo à prática esportiva por parte das pessoas com diabetes. O combate ao sedentarismo é hoje um problema de saúde pública, no Brasil. 75% dos pacientes com diabetes, ainda segundo o ministério da saúde estão acima do peso, e a maioria dos pacientes tem um controle glicêmico ruim, o que é observado em 73% das pessoas com DM2 e em 90% das pessoas com DM1. A prática esportiva como estratégia essencial do tratamento da doença é muito importante para a reversão deste quadro.
Fonte: SBD